Encerramento do Blogue

15 Junho 2009

Por motivos profissionais não me é possível continuar a escrever neste espaço.

No entanto, a criação da rede museologia.porto não só preencheu a lacuna que este blogue detectara, como tem vindo a prestar um excelente serviço ao nível do desenvolvimento de uma forte rede socio-profissional no campo da museologia.

Deixo os meus agradecimentos a todos os leitores.

Saudações,

Bruno A Martinho

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Interdisciplinaridade

22 Fevereiro 2009

 Interdisciplinaridade

No decorrer do seminário O Mercado dos Museus e o Ensino Superior que teve lugar no passado dia 7 na Exponor, Matosinhos, foi referido por diversas vezes que o estabelecimento de protocolos entre as universidades e os museus não só permitem que os estudantes desenvolvam estágios mais profícuos, como possibilitam ao pessoal dos museus levar a cabo tarefas que, de outra forma, não seria possível.

Foi, no entanto, apenas rapidamente mencionada pela Drª Graça Filipe a necessidade de alargar estes protocolos a outras áreas disciplinares para além das já tradicionais História de Arte, Antropologia ou Arqueologia. Engenharias, Economia, Gestão, Ciências da Educação, Comunicação e Marketing são exemplos de outras áreas que são úteis aos museus mas que não têm recebido o mesmo grau de atenção.

Numa altura em que os museus se debatem diariamente com a falta de recursos humanos e financeiros que impedem a aposta na comunicação com as comunidades envolventes, a elaboração de programas de estágio que envolvam alunos de marketing poderá ser uma aposta para aproximar a instituição das populações sem que isso exija grandes custos. O mesmo se passa com os alunos de design para a concepção de exposições temporárias, de ciências da educação para reflectir sobre as teorias na base dos planos de acção educativa, de gestão e contabilidade para apoiar e desenvolver as práticas de fundraising, de relações internacionais para ajudar ao estabelecimentos de parcerias internacionais, etc etc etc.

Não está portanto na altura de abrir novos protocolos com outras faculdades e permitir que estudantes destas áreas possam colaborar com os museus a fim de alargar o seu impacto na nossa sociedade?

 

 


Um mediador multifacetado: o PDA

16 Janeiro 2009

 

PDA do Museu Nacional da Coreia

PDA do Museu Nacional da Coreia

            Pese embora o facto de serem ainda raros os museus portugueses que facultam áudio-guias aos seus visitantes, há já no mercado um novo produto que começa a fazer sucesso em muitos museus do globo. Os pequenos assistentes pessoais digitais (PDA – Personal Digital Assitant) estão já disponíveis em vários museus dos E.U.A. e da Europa, como por exemplo na Tate Modern em Londres ou na Cité de l’Architecture et du Patrimoine em Paris.

            São múltiplas as vantagens deste novo “brinquedo” digital, mas a crescente utilização da tecnologia para potenciar a aprendizagem individual pode acarretar consigo também algumas limitações. Como poderemos então explorar ao máximo estes novos gadjets e atenuar os seus inevitáveis efeitos negativos?

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Why Can’t Museums be More Like City Markets?

8 Janeiro 2009

 

Um artigo que mostra como os museus podem beneficiar de ideias simples:

http://uncatalogedmuseum.blogspot.com/2008/12/why-cant-museums-be-more-like-city.html


Case Study: Weald and Downland Open Air Museum

21 Dezembro 2008

 

 Weald & Downland Open Air Museum

      No meio da verdejante paisagem do West Sussex, Inglaterra, existe um pequeno museu cuja diversidade de actividades disponibilizadas poderia bem rivalizar com a oferta de um British Museum ou de um Louvre.

       O seu segredo?    Um simples programa de voluntariado…

 

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Museus de Arte e Comunicação: de Jacques Hainard a Rui Sanches

15 Dezembro 2008

 

Rui Sanches - MNAA

 

 “Não estou convencido que o papel principal dos museus seja o de comunicar.”

  

     Proferida por uma das mais respeitadas pessoas no quadro museológico nacional, esta afirmação revela a grande incerteza que ainda existe sobre a função dos museus na sociedade. O autor desta opinião referia-se aos museus de arte, afirmando que estes possuem especificidades muito próprias (entenda-se produção de conhecimento e fruição estética), não devendo portanto adoptar as mesmas metodologias de comunicação que os museus de ciência ou de história social. A informação em museus de arte (painéis de sala, tabelas desenvolvidas, etc) poderia desagradar, e consequentemente afastar, uma parte muito importante do público (o visitante erudito). Leia o resto deste artigo »


Objectos que importam – Resposta a comentários

2 Dezembro 2008

 

      O texto que desenvolvi a propósito da importância da multiplicidade de interpretações dos objectos de forma a valorizá-los junto dos públicos suscitou alguns comentários muito oportunos que merecem da minha parte uma resposta.

 

      A função de aumentar os números de visitantes de um dado museu não pode efectivamente ser imposta a um só departamento, devendo ser antes um objectivo de toda a equipa do museu. Cabe portanto ao director estabelecer essa “política global” de atracção de públicos em que deve estimular os modos como cada elemento do pessoal pode contribuir (melhor acolhimento ao nível dos guardas, melhor informação, um marketing mais atractivo, etc.).

 

      O que defendo no meu texto é que os serviços educativos podem nesta matéria desempenhar um papel vital para captar o interesse dos visitantes simplesmente indo ao encontro das suas motivações. Ninguém vai voluntariamente a um museu sem motivos muito específicos, e como tal é necessário que o museu saiba como responder a essas necessidades para que o visitante sai satisfeito e com vontade de regressar.

 

      Mas apesar de todos os serviços que o museu possa oferecer, os objectos devem estar sempre no centro da experiência do visitante. É efectivamente difícil que “o objecto só por si [seja] capaz de gerar visitação”, mas é precisamente por esta razão que os serviços educativos têm uma tão grande importância dentro de um museu. Eles devem disponibilizar em redor do objecto todo um conjunto de actividades que atraiam o visitante para que este estabeleça uma relação, ainda que indirecta, com o objecto. O objectivo principal deverá ser sempre torná-lo importante para o visitante: porque é valioso, porque é bonito, porque é uma “relíquia histórica”, porque é grande, porque é “nosso”, porque remete para memórias pessoais, porque é único. Se for possível estabelecer esta relação talvez possamos ver os índices de participação cívica nas questões relativas ao património aumentarem entre a população.

 

      Talvez os serviços educativos não sejam “A COMPONENTE”, mas a sua actividade é absolutamente fundamental para a missão de qualquer museu. A sua responsabilidade não deve nunca ser limitada à simples transmissão de conhecimentos. Perante as dificuldades com que os educadores têm que lidar diariamente, talvez a resposta passe por criar um departamento semelhante aos “outreach departments” ingleses, de modo a estabelecer ligações com novos públicos. No entanto, em vez que multiplicar estruturas dentro da organização, penso que os serviços educativos podem fazer este trabalho desde que as suas estratégias deixem de se basear numa comunicação unilateral e passem a estabelecer um diálogo com o visitante.

 


Que texto?

20 Novembro 2008

 

  

 

 

A quem se dirige o texto?

Qual o tamanho dos painéis de sala?

Que informações colocar nas legendas?

Que construção frásica e que vocabulário utilizar?

 

       Estas e outras questões devem ser respondidas antes de se iniciar a elaboração de textos para espaços museológicos. No entanto, é frequente encontrar legendas e painéis de sala escritos como se de livros se tratassem. Quais são então os cuidados a ter na redacção de texto para o espaço do museu? Leia o resto deste artigo »


Case Study: Museu do Fado

13 Novembro 2008

 

 

museu-fado1

 

  

“Pode então passar pelo bengaleiro para levantar o seu audioguia, por favor.”

 

Esta indicação, perfeitamente natural num museu londrino, surpreende o visitante nacional que entra no renovado Museu do Fado. Passados anos e anos a ouvir desculpas sobre a inviabilidade financeira de audioguias nos museus nacionais, eis que é um museu municipal o primeiro museu público da capital a disponibilizar este tipo de equipamento educativo aos seus visitantes. Este audioguia, que tem uma dupla função – faz o acompanhamento normal da visita e permite ouvir uma série de fados de intérpretes diferentes –, não é senão a primeira das surpresas da nova museografia deste museu lisboeta. Leia o resto deste artigo »


Interpretações

11 Novembro 2008

 

SalvadorDali, Cristo de São João da Cruz

Cristo de São João da Cruz

Salvador Dali

1951, 205x116cm

Kelvingrove Art Gallery and Museum, Glasgow

 

 

Kelvingrove Art Gallery and Museum:

The striking angle of the crucified Christ on the Cross, the eerie contrast of light and dark, and the magical and effortless surface effects all make an unforgettable impression on the viewer.

The strange title refers to Dali’s principal inspiration for the painting – a pen and ink drawing made by the Spanish Carmelite friar who was canonised as St John of The Cross (1542–1591). The drawing intrigued Dali when he saw it preserved in the Convent at Avila, as it was made after the Saint had a vision in which he saw the Crucifixion as from above, looking down.

Dali proceeded to paint the Crucifixion set above the rocky harbour of his home village of Port Lligat in Spain, with the enigmatic addition of boats and figures copied from pictures by Velazquez and Le Nain.

(in http://www.glasgowmuseums.com/venue/page.cfm?venueid=4&itemid=68)

 

Visitante α:

Derrota. Isto é o que sentiram os apóstolos quando viram o seu Messias pregado na Cruz. Tudo aquilo em que sempre acreditaram parecia ter terminado abruptamente naquele momento. Afinal, simplesmente não conseguiam compreender ainda o significado do que se passara. Talvez esta obra, que nos mostra de forma evidente a humildade e entrega de Cristo, tenha sido feita para que pudéssemos reflectir sobre o significado da Paixão na perspectiva dos Apóstolos que viveram o acontecimento, sem o compreender imediatamente.

Na parte inferior vemos os pescadores e isso faz-me pensar na proposta que Cristo fez a Pedro e André ” Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.”  (Mateus 4:19 ) Talvez seja essa a nossa missão também: fazer tudo pela salvação dos homens.

 

 

Ao passo que o museu interpretou a obra a partir do contexto da sua realização, destacando as influências que o seu autor recebeu bem como alguns elementos plásticos, o visitante α fez a interpretação da obra a partir da sua própria experiência e dos conhecimentos que detinha antes de ser confrontado com o quadro.

 

Será que uma destas interpretações está mais correcta do que a outra?

Em que medida a interpretação do museu pode ser relevante para o visitante α ?

Que conclusões pode o museu tirar da interpretação do visitante α ?